1999 – Santos Antônios: Pádua e Categeró – texto de almanaque
Publicação no Jangada Almanaque Brasil – Suplemento de variedades – junho 99 – número 10
Fonte na Internet:
http://www.jangadabrasil.com.br/junho/al100600.htm
Autor: (ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore nacional)
No Texto há uma citação solta de uma frase sobre Categeró, que está por nós destacada.
O Santo Antônio Casementeiro – Festa de Santo Antônio
Pelo Brasil afora as festas populares de Santo Antônio praticamente não existem mais. No meio rural, casamenteiro é São Gonçalo de Amarante e, na cidade, onde Santo Antônio arrumava casamentos, está este santo entrando em franco desprestígio, em parte graças à independência que dia a dia a mulher brasileira vem ganhando na sociedade atual.
Santo Antônio, que chegou a receber soldo de coronel do Exército Nacional até nos dias da República, está sendo olvidado. Em certas zonas paulistas, na serrana, na mantiqueira, Santo Antônio recebe um vintém para achar os animais perdidos nas capoeiras; para porco alongado voltar ao chiqueiro, uma pequena moeda de cobre é colocada sob a imagem.
Em vários lugares do Brasil ainda moças solteiras, desejosas de se casar, colocam-no de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem-lhe o pedido e enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. Embora seja como os demais santos juninos, mui queridos, donos mesmo de deliciosos acalantos, é no Santo Antônio que aplicam sanções.
Nas cidades e mesmo nas capitais, há no dia 13 a busca do “pãozinho de Santo Antônio”. Os fiéis vão às igrejas buscar o pão dado gratuitamente pelos frades. É claro que em troca o crente oferece um óbolo. O pão é bento e acreditam que se deve colocá-lo junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais nas casas dos que assim procederem.
Comum entre a classe burguesa das grandes cidades paulistas é dar aos pobres no dia 13 de junho um determinado número de quilos de pão correspondente ao peso da pessoa que fez a promessa a Santo Antônio.
Santo Antônio Preto ou de Categeró embora não seja popular no Brasil, sua imagem é venerada na Igreja de São Francisco na capital paulista.
Dos santos juninos somente Santo Antônio é que é feito de madeira, de tamanho tão pequeno, menor mesmo do que um vintém. “É bom carregá-lo na algibeira, é para proteger”. Em geral, é esculpido em nó de pinho, daí ter surgido:
Meu querido Santo Antônio
feito de nó de pinho,
com vós arranjo o que quero,
porque eu peço com jeitinho.
Dizem os “marmanjos” que as moças solteiras fazem o seguinte pedido ao santo lisboeta:
Meu querido Santo Antônio
feito de nó de pinho,
me arranje um casamento
com um moço bem bonitinho (ou bonzinho).
Feito um pedido a Santo Antônio, caso a pessoa tenha pressa em ser atendida, é rezar um padre-nosso pela metade que o santo atenderá logo, para que o suplicante termine a oração.
Sem as festas que lhe atribuíam outrora é ainda um santo lembrado nos acalantos:
Numa ponta, Santo Antônio,
noutra ponta, São João,
no meio, Nossa Senhora,
com seu raminho na mão.