Primeiros Santos Negros no Brasil colonial

Altar lateral na igreja, convento e Museu da Graça em Lisboa, fundados em 1291. O altar pertenceu á Confraria de NS do Rosário dos Homens de Lisboa, com data estimada a Confraria em 1551 e o altar antes de 1700. 
De baixo para cima e da esquerda para à direita Santo Antônio de Categeró (Noto), São Benedito; Santo Elesbão e Santa Efigênia. Primeiro escultórico com os quatros, que volta a se repetir no Brasil colonial.
Altar lateral na igreja, convento e Museu da Graça em Lisboa, fundados em 1291. O altar pertenceu á Confraria de NS do Rosário dos Homens de Lisboa, com data estimada à Confraria, em 1551 e, ao altar antes de 1700. De baixo para cima e da esquerda para à direita: Santo Antônio de Categeró (Noto); São Benedito; Santo Elesbão e Santa Efigênia. Primeiro escultórico com estes quatro santos, que volta a se repetir, em altares do Brasil colonial.

 

 

Uma breve apresentação

As ordens religiosas, ao terem sido autorizados, seus deslocamentos para as Índias Ocidentais (Brasil colônia), após o descobrimento em 1500, preocuparam-se em criar melhores condições à catequização, aos gentios não brancos, que encontrariam. Três ordens foram as primeiras a cumprirem essa orientação. Elas, além do atendimento pastoral aos portugueses, que para cá se deslocavam, deveriam criar condições para além mesmo trabalho, efetivarem a conversão de negros e indígenas.  O recurso tecnológico da época, foi dispor de um santo negro, como referencial para a relação religiosa. Assim, esse santo negro, representativo da ordem, seria um modelo em exemplo, no trato com os gentios. E, naturalmente, a chegada destes santos pretos católicos, ocorre com uma ordem cronológica que gera a precedência de datas, em que suas devoções foram, concretamente, implantadas no Brasil. Norteia este trabalho a Vila de São Paulo de Piratininga, onde originou-se a cidade de São Paulo – Capital paulista, no recebimento das ditas ordens.

Sobre as Ordens Católicas, com suas respectivas datas de instalação, como Ordem Religiosa Católica, devidamente estruturada e operante, chegando à colônia, tem abundante bibliografia. Mas, não sobre a chegada de seus respectivos representantes – os santos negros. Além disto, não devem ser considerados, nestas datas, os tempos de trabalhos anteriores, de alguma dessas ordens, em missões, por frades isolados ou pequenos grupos, sendo alguns meramente terceiros, atuando como precursores dos interesses de suas ordens, junto aos administradores portugueses e câmeras das vilas e cidades da colônia.

Assim, pode ser sintetizada a chegada ao Brasil desses santos negros:

1549 – a Ordem Jesuítica, quanto ao beato, entre 1576/1590, o servo de Deus, franciscano, da Ordem Terceira – negro nascido na África, na atual Líbia e, vendido como escravo na Itália. Conhecido como Tio Antônio ou o Santo Negro, sendo o primeiro dessa espécie de tratamento hagiográfico. No Brasil tratado por Categeró e, devidamente, reconhecido esse tratamento, pelo Vaticano;

 1596 – a Ordem Carmelita: entre 1725 e 1745, Santa Efigênia e Santo Elesbão – santos dos primórdios do catolicismo (Séculos I e VI, respectivamente). Uma princesa da Núbia e um rei de Axum, ambos, negros nascidos, respectivamente, nos atuais países, Sudão e Etiópia. Eles são muito anteriores a data de fundação da ordem. O trabalho canônico, sobre eles desenvolvido, ocorre, a partir desse período, executado pela ordem);

1639 – Ordem Franciscana:  entre 1639 e 1726, o servo de Deus, franciscano, da Ordem Primeira, o negro nascido na Itália, filho de uma escrava, conhecido como o cozinheiro Benedito, cujo amo de sua mãe prometeu e cumpriu a liberdade, quando ele viesse ao mundo.

 

Vanderlei Pinheiro
pesquisador de Categeró

14 de março de 2018 
469º da morte de Categeró
430º de sua beatificação



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