SP – Descrição da Igreja da Ordem 3ª de São Francisco de Assis
Descrição técnica da Igreja e, localização de Categeró por RosangelaAP
O Blog Rosangelaap,” Espaço para reflexões, dica e notícias sobre arte, tecnologia e educação”, na data de 06 de agosto, postou uma série de textos de palestras,conforme créditos, no endereço abaixo, onde cita Categeró:
http://rosangelaap.blogspot.com/2010/09/exposicao-fragmentos-do-barroco.html
É uma excelente descrição das mais antigas igrejas de São Paulo, entre os textos descritivos apresentados, nas palestras estão:,Convento e Igreja de São Francisco, Sé de São Paulo, Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Igreja de São Gonçalo e Igreja da Ordem Terceira. de São Francisco de Assis, este último onde há a descrição do posicionamento de Categeró, no templo e, abaixo reproduzido.
Exposição Fragmentos do Barroco Paulista – Palestra e visita guiada pelo Centro histórico
BARROCO MEMÓRIA VIVA – BARROCO PAULISTANO
Prof. Dr. Percival Tirapeli – PROEX/Vice Diretoria IA
Bolsista: Ana Ventura.
Exposição Fragmentos do Barroco Paulista – Galeria IA/UNESP.
Palestras Sexta, dia 6 de agosto, 9h às 12h. Abertura da Exposição: 18h.
Sábado, 07 de agosto de 2010, 9h às 13h.
Igreja da Ordem Terceira. de São Francisco de Assis
A Ordem Terceira da Penitência data de 1676, mas sua capela ligada por um arco à igreja franciscana teve suas obras concluídas apenas em 1736, correspondendo hoje ao espaço compreendido entre os retábulos de São Miguel e da Imaculada Conceição.
Em 1783 os frades doaram um terreno para que a irmandade ampliasse a capela; quatro anos depois, ganharam uma entrada pelo Largo de São Francisco. Sua fachada foi alinhada à da igreja do convento e fechada a comunicação interna (arco na parede do transepto) entre os dois prédios.
Originalmente, a capela possuía planta octogonal; a atual configuração, em forma de cruz, surgiu em 1787. Trata-se de um dos dois únicos exemplos de igrejas com planta poligonal em São Paulo (o outro é a Igreja da Luz). A autoria dos dois projetos está ligada a Frei Galvão, que pertencia ao convento de São Francisco, onde realizou muitas obras (Toledo, 2001, p.38). Na confluência entre os braços e o tronco da cruz encontra-se a abóbada octogonal, com um zimbório que confere ao templo uma expressiva iluminação natural. As paredes do transepto são ornamentadas por grandes cartelas compostas de concheados em estilo rococó.
Entre 1736 e 1740, foi executado um novo retábulo-mor, em local que corresponde, hoje, ao braço direito do transepto. Muito provavelmente seja uma obra do entalhador Luiz Rodrigues Lisboa. Tal retábulo abrigou entre 1741 e 1783 o grupo do Senhor Crucificado com São Francisco recebendo as Chagas.Nos braços do transepto formam-se duas capelas, cada qual com seu retábulo. Do lado da epístola, de 1736, em estilo D. João V, sob a influência romana, é dedicado a N. Sra. da Conceição e, no lado oposto, o de São Miguel Arcanjo, este último proveniente da antiga igreja do mosteiro de São Bento paulistano. O arco cruzeiro é ladeado pelos altares de N. Sra. das Dores e São Luís, Rei de França. O retábulo-mor, que atualmente abriga o conjunto escultórico do Seráfico, é de autoria de José de Oliveira Fernandes, realizado por volta de 1791, com elementos do barroco joanino e rococó. A nave apresenta tribunas com balcão e, abaixo destas, seis retábulos em estilo rococó, consagrados, do lado da Epístola a Santo Antônio de Categeró, Santo Ivo e Santa Isabel de Portugal e, do lado do Evangelho, à Divina Justiça, Santa Margarida de Cortona e Santo Antônio de Pádua (Bonazzi da Costa, 2001, p.68-71). Segundo Ortmann, tais retábulos foram executados entre 1823 e 1828 sendo dois pelo mestre Floriano José e quatro pelo entalhador Guilherme Francisco Vieira.
O conjunto constitui um dos mais representativos exemplos de talha, remanescente dos séculos XVIII e XIX, em São Paulo, sendo que o retábulo consagrado à Santa Margarida de Cortona, é o único remanescente que conserva a policromia original, tendo sido os demais raspados e novamente dourados no século XX.
O precioso acervo de talha dourada guarda ainda um representativo conjunto de pinturas remanescentes do período colonial. Segundo Ortmann, há nos arquivos da Ordem, registros referentes aos nomes dos seguintes pintores: João Pereira da Silva, José Patrício e um terceiro apelidado de “Quadros”. No teto da nave encontram-se pinturas representando São Francisco entregando a regra aos Irmãos Terceiros, Santa Bona e Santo Lúcio, e painéis para a capela-mor, de autoria de José Patrício, pintados entre 1790/1791. A cena é emoldurada por um cordão filigranado que lhe dá a aparência de “um pequeno broche colocado sobre uma fina folha de ouro que se enrola ao seu redor”. O mesmo pintor executou sete painéis na cúpula entre 1791/1792 – mas dois foram retirados para a abertura dos zimbórios.
O forro da capela-mor possui grande pintura desse artista executada entre 1790/1791, representando São Francisco subindo ao céu em um carro de fogo. A cena é ladeada por um grupo de frades admirando o milagre, e o conjunto é arrematado, nos cantos, por concheados e guirlandas de flores.
Na capela-mor, duas telas retratam um bispo sentado, tendo a seus pés São Francisco ajoelhado de um lado e seis religiosos; do outro, a figura do pai de São Francisco. No entanto há controvérsias a respeito da autoria de tais trabalhos: Ortmann as atribuiu, em 1951 ao pintor Quadros, mas, em 1954, D. Clemente da Silva-Nigra as atribuiu a José Patrício da Silva Manso. João Pereira da Silva executou em 1768, telas que se acham no corredor da capela, sacristia e dos altares colaterais. Há quatro painéis na capela da Conceição (1792/1793), e seis junto ao retábulo de São Miguel, que já constam do inventário das alfaias de 1756.
Em 1843, foram pintados por Quadros seis painéis: quatro retratos, para a área sob o coro e dois para a capela-mor, representando a renúncia e a morte de S. Francisco. A igreja da Ordem Terceira das Chagas do Seráfico Pai São Francisco guarda o maior conjunto de pinturas atribuídas a José Patrício da Silva Manso.
Excerto extraído de Tirapeli, Percival – Igrejas Paulistas – Barroco e Rococó, S.P., Ed. UNESP/Imprensa Oficial do Estado, 2003.