SC/2008 – Os Santos Negros Esquecidos
Blog do Grupo 23 de outubro, de Wallace Requião de Mello e Silva, apresenta a postagem, de 31 de outubro de 2008, sob o título “Os santos esquecidos”
http://grupo23deoutubro.blogspot.com/2008/10/os-santos-negros-esquecidos.html
É uma monografia que aborda a etnia africana no catolicismo, desde a igreja primitiva, onde o autor conta a saga da “Tribo esquecida” sua metáfora aos santos negros católicos que têm um trânsito não tão efusivo e, dela faz parte Categeró.
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Os Santos Negros Esquecidos
Autor: Wallace Requião de Mello e Silva
O Espirito sopra onde quer.
Numa de minhas mais longas viagens de grande curso, por terra, não me lembro se ainda no Norte do Chile ou, já em solo peruano, estive em uma igreja dedicada a São Martins de Porres, um Santo Negro. É possível que seja o mesmo São Martinho de Lima, (1639) também negro.
Em minha memória católica, havia, confesso apenas o registro de quatro negros: a do popular São Benedito; a imagem de um dos três Reis Magos no presépio, e o registro de um dos maiores pensadores da Igreja, Santo Agostinho (o Africano); e ainda, a lembrança curiosa da incrível e heróica Santa Bakhita (Bakhita) sobrevivente dos mercadores de escravos; acrescida, agora, de São Martins de Porres; era só. Ai acabava o meu “negro” cristianismo.
Interessei-me verdadeiramente pelo assunto quando li na Bíblia que um dos discípulos de Jesus Cristo, ao tempo de São Paulo, em Antioquía, era chamado. Simeão “O Negro” (veja em Atos 13,1). Em Antioquia, os discípulos de Cristo foram chamados pela primeira vez cristãos. Portanto, já nos primórdios da Igreja, os Negros estavam presentes e atuantes. Você vê que era descabida a acusação de que a Igreja discutia na Idade Media se os negros tinham ou não alma.
Nessa manhã, encontrei o Francisco, funcionário da SEFA (Sefa + Rá + adicta)[1] = “sefardita”[2]. (Secretaria de Finanças) que me fez a gentileza de navegar pela Internet em busca de outros Santos Negros. Foi grande a minha surpresa quando ele me entregou sessenta e duas paginas nomeando e narrando a vida de muitos Santos Negros. Impressionante como se omite estas páginas “negras” do cristianismo. Não citarei todos aqui.
Alerta.
Por convicção pessoal acredito que a Internet possa ser um instituto que terá, pela facilidade que temos de nela facilmente introduzimos informações falsas, fotos alteradas, envelhecemos imagens, e citarmos fontes inverídicas, ou fora do seu tempo e contexto, transformando-as assim num instrumento cujo objetivo é desconstruir a História Universal. Ou seja, a informação via Internet é muito frágil, virtual, volátil, um dia lá este outro já não está, pois assim é difícil responsabilizá-la. Tomadas então, as devidas precauções, com o cruzamento de informações oriundas de outros meios e publicações vamos ver o que encontramos ali sobre os Santos Negros.
Vamos começar com os três papas africanos: São Victor I sucessor de Santo Euletério, São Gelésius (496) e São Melquiades (311) quando Máximo era imperador romano. Não há prova segura de que eram negros, todavia, há grande probabilidade. Depois cito São Maurício (ou São Mourisco = mulato do século III); Santa Ephigênia, negra e filha do rei da Etiópia; Santo Antônio de Categeró negro faleceu em 1549 na Itália; São Elesbão Imperador Negro da Etiópia; São Benedito, (o Mouro, cultuado no Brasil); São Fulgêncio, nasceu em Cártago na África, todavia não se tem certeza se era negro (467); São Serapião; Santa Felicidade e Santa Perpétua, negras, martirizadas em Cártago em 203; Santo Adriano Abade, nasceu na África, mas não se tem certeza se era negro, morreu na Inglaterra. Santo Moses (O Negro), africano; São Cirílo de Alexandria, negro nascido no Egito em 376; Santo Atanazo de Alexandria nasceu no Egito, África; Santo Agostinho (354) e sua mãe Santa Mônica, mulatos, nascidos no norte da África; São Serapião de Alexandria nasceu em Alexandria no Egito, há duvidas se era negro, todavia existe iconografia dando testemunho de sua cor mulata, foi considerado o maior sábio de seu tempo (296); Santa Josefhina Bakhita negra (1869); São Frumêncio considerado apóstolo da Etiópia, nasceu em Tiro na Fenícia (Palestina), por não terem sido mortos pelos etíopes junto com seus companheiros de viagem, acredita-se que eram negros ele, e seu irmão; Santo Antão (O Egípcio) nasceu no Egito em 251 ainda há duvidas sobre sua condição de negro; a beata Clementina Anuarite Nengapeta, negra; e termino com São Zeno de Verona, negro, nascido no Norte da África e falecido em Verona Itália em 371; e São Saturnino, o Santo mais popular da França nasceu na África e suas imagens retratam um homem de traços negros. Já é um bom testemunho da presença negra na Igreja.
Embora, eu, particularmente, tenha alguma duvida se em um ou outro caso trata-se de verdadeiros negros, pois que, mais exatamente eles poderiam ser chamados de “Santos Africanos”, sem perigo de erro e exagero, e onde, certamente, haverá algum encontrado aqui ou ali, como exceção, que não seja verdadeiramente negro, mas, sem duvida alguma, a maioria dos santos nomeados acima é de fato negra, com imagens, história, e iconografia farta e expressiva. Assim escolhi estes, que encontrei com mais embasamento, como modelos para os negros católicos, e estimulo para pesquisa. Lembre-se, sempre, de Simeão o Negro, discípulo de Cristo.
Porque a dúvida? Seria preconceito? Não. Acontece que o Norte da África, mesmo o Alto Egito que atingia terras do atual Sudão, e a Etiópia, ou da Líbia Mediterrânea, além das populações negras, houve outras estrangeiras, tornando aquelas populações bem mestiças. Ali estiveram, por exemplo, os fenícios, fundadores de Cártago, ou os hebreus que estiveram no Egito e territórios das atuais Etiópia, Sudão, Líbia e Núbia; os assírios durante o Império de Assurbanipal; os medos e babilônicos; os persas ao tempo de Cambises que atingiu Cirene e Barca (Baska) na Líbia onde também estiveram os gregos; os hicsos, povo dito semita que dominou o Egito; os macedônios ao tempo de Alexandre e os romanos que dominaram todo o Norte da África do Marrocos ao Egito ao tempo de Cristo. Todavia isso não exclui a presença negra do meio dos cristãos, e desses povos conquistadores, embora, saiba-se que os primeiros cristãos tenham sido na maioria judeus. Entre eles poderia haver como estou afirmando aqui, judeus negros, ou simplesmente, negros.
Seria interessante uma pesquisa mais apurada e aprofundada. Sempre lembrando que o Egito que teve faraós negros etíopes (25a dinastia da Etiópia), via o Nilo, sempre manteve relações com o Sudão que fez parte do Egito, a Líbia, a Núbia, que também fizeram parte do Egito e a Etiópia de maioria negra.
Resta ainda comentar que Pedro, o pescador judeu, o primeiro Papa, chamado príncipe dos apóstolos, era também chamado “Simão Pedro”, ora, essa palavra, Simão, em sua raiz, designa o macaco (simeo ou simeon), e os judeus não convertidos ao cristianismo, pois os primeiros cristãos maximamente eram judeus, em vários momentos de litígio, quando os cristãos foram acusados de seita israelita, ironicamente, chamou Pedro o apóstolo, discípulo de Jesus Cristo Nosso Senhor, de macaco, imitador. Seria Pedro um pescador judeu negro, um membro da tribo de Dan, portanto oriundo dos falashas? Será?… (embora ate recentemente os falashas acreditassem que todos os judeus fossem negros, Pedro parece ter sido branco) fica, no entanto, a dúvida: teria sido ele, Simão Pedro, também um negro? Isso, no meu entender, seria o máximo, o Primeiro Papa, um judeu negro. E Jesus?
Quem já viu a imagem de Nossa Senhora de Montes Claros, padroeira da Polônia, imagem que a tradição atribui como pintada ao próprio punho pelo Apóstolo São Lucas, contemporâneo de Cristo, haverá de concordar que ali esta retratada uma mulher morena escura, portadora de traços semitas, todavia, vemos uma mulher que não se poderá, criteriosamente, chama-la de branca no sentido europeu do termo. A Virgem M1orena de Montes Claros como é chamada. Talvez uma falashas, em hebraico[3], nome que designa os polêmicos judeus negros, da Etiópia, descendentes de Dan, cujo nome (falashas) quer dizer = estrangeiros = separados = expatriados = falácia[4]”. Assim, Maria, seria uma simpática e virtuosa “Judia Negra” oriunda de ancestrais etíopes do tempo das minas do Rei Salomon (933 a.C.) (Sal-o-mon, filho de David – O rei que subiu o Rio Nilo, ou navegou o Mar Vermelho), vindos, desde muito tempo, para a Terra Santa, e mãe, imaginem, de Jesus Cristo Nosso Senhor. Quem sabe, no mesmo sentido, em data ainda anterior, era ela, descendente da mulher de Moisés (1250 a.C.) que era também Negra, ou ao menos, pode-se dizer com toda a certeza, Séfora[5] (sefho-rá) a “Madianita = que vivia entre os semitas nômades de Madiã (Madjan) em Acaba”, mulher de Moisés, era etíope, africana do coração e da gema, como lemos na Bíblia em Números. Os madianitas, certamente, vivendo em Acaba, desceram em longas viagens os dois lados do Mar Vermelho, ou como queiram do Golfo Arábico, chegando à Etiópia pelo lado Africano e ao Iêmen pelo lado arábico. Moisés, que não era circuncisado por isso sobreviveu á perseguição aos primogênitos “hebreus”, também era africano, nascido das águas do Alto Nilo, no Egito, filho adotivo de uma princesa egípcia,… e o Nilo vem do coração da África, do Alto Egito, do Sul, (ao tempo de Salomon, muito depois, pode-se dizer, ele vinha das terras da “Rainha do Sul”, das terras de Sab+á) trazendo o sangue, e a cultura dos negros. Quando Moisés foi colhido no Nilo, ele vinha descendo o rio, isso significa que ele vinha do Sul para o Delta, talvez do Nilo Azul vindo de terras etíopes, ou do Nilo Branco do Sudão. E você dirá e as cataratas do Nilo? Não o matariam? Ora isso só pode ter sentido se Moisés for um personagem histórico, real, e há quem pense que ele não existiu. Ele não entra na “Terra Prometida” porque não era hebreu “abraânico”, era guia dos hebreus, segundo as inspirações de seu “Irmão”, mas não fazia parte da “Promessa feita a Abraão”, embora seja ele o homem do decálogo, o iniciador da religião israelita. Vale à pena verificar e comprovar o que trazemos aqui, ou negar, (renegar ou re-negrar, = negar o Espirito,… aos polêmicos e rejeitados judeus negros etíopes, os falashas). Pesquise também, para melhor entender, sobre uma operação militar chamada Moisés (1984/ 1991), que resgatou via aérea, alguns milhares de judeus negros da Etiópia, em tempos bem recentes, quando os Negros e Judeus iniciavam uma luta nos EUA. Leia Números, na Biblia, em seu texto integral. Leia com atenção. Não tenha medo. É uma tese, nada mais do que isso. Pode ser falsa, pode ser verdadeira. No entanto é insofismável o papel da África na questão religioso judaico cristão. A Biblia conhecida como “Versão dos Setenta” textos grega, não foi escrita em Alexandria, na África, e Simão o Cirineu, o africano cireneu, o homem que carregou a cruz de Cristo, não era de Cirene[6], cidade do Norte africano, vizinha de Bengazé e Derna, na Líbia?
Deixa sair os filhos de Israel de tua terra: Êxodo 6,1.
A tese é das mais interessantes, e revolucionárias. Pois é dito aos cristãos:
Vão primeiras as ovelhas desgarradas de Israel. (Mateus 10,6). Seriam eu pergunto as ovelhas desgarradas os falashas, as ovelhas negras e desgarradas de Israel, os Judeus Negros da Etiópia[7], remanescentes da tribo de Dan[8]? Seria Adão um homem negro, por ter sido feito do Barro Simbólico?
Wallace Requião de Mello e Silva.
Inventor.
[1] Rá: era o nome do deus Sol egípcio, o sentido simbólico que quero dar aqui é o de adicto ao Sol, apegados ao sol, filhos da Luz, diurnos (Djan ou Djour) Dan ou Ma + djan = Ma + Danitas). Homens queimados pelo sol, diferentes dos homens do frio, ou das sombras, aqueles homens brancos subterrâneos. (cavernas). Os filhos das trevas, noturnos, soturnos, das sombras, dos buracos. (Ashkenazim) Cinzentos.
[2] Sefardita, (Sefardim) nome que designa os judeus de Sefarad, antigo nome da Espanha, no entanto designa muito anteriormente, sem erro, e tradicionalmente, os judeus vindos do norte da África, com os árabes invasores da Espanha. No meu entender são as Pedras (Céfas ou Sefhas mais Rá = Sol, ou seja, os judeus do Egito, da Líbia, da Núbia e da Etiópia)
[3] Pequena História do Povo Judeu pagina 79.
[4] Phalácia; o ph tem som de f, dando origem a dois termos, palácio e falácia, este ultimo significa engano, sofisma, ilusão.
[5] Séfora = Sefha, ou Céfas = a pedra, nome de Pedro apostolo: “Tu és a Pedra, e sobre ti erguerei minha Igreja.”. Sefho + Rá, a Ethiope, nome da esposa de Moisés, designa como símbolo, as pedras do Sudão, as pedras das minas de Assuã, (Aswan) as pedras do Templo de Rá, o deus Sol,… Fala a palavra símbolo, certamente, das pedras que descem o Nilo, (Sefarditas = judeus do Egito e Etiópia) vindas do Povo do Sol. Homens queimados do Sol. Pode-se levantar ainda: Sefa + Yarud, – sefa rud = Yudeu ou pedra de Yudá. Os judeus, no entanto preferem explicar como tendo origem em Sefarade antigo nome da Espanha, negando-lhe, assim, a origem africana.
[6] Cirene: cidade da Líbia, situada às margens do Mediterrâneo numa região chamada pelos antigos de Pentápole.
[7] Etiópia: ë ligada a Madjan em vários textos bíblicos (em Schelesinger). Os etíopes eram escravos na palestina (2sm 18,21); E escravo da corte em Jerusalém como leu em, (Jr. 38,7). A mulher de Moisés era etíope, (lemos em Números) filha de Jetro um sacerdote de culto pagão. Em Atos 8,27. Felipe converte um eunuco etíope que servia a rainha Candice. Em Jó. 28 19 leremos sobre os topázios da Etiópia. Nos tempos bíblicos parece estender-se, com território, começando em Siene e estendendo-se à parte sul do Egito (Ez. 29,10) Compreendia-se então, o Alto Nilo, o Sudão, a Núbia, o Cordofão, o Senaar e a Abissínia do Norte, atual Etiópia. O termo “Líbio” e “Etíope”, tomados às vezes como sinônimos, eram generalizações que designavam os povos negros.
[8] Dan: Dan seria um dos filhos de Jacó. (Is 19,40) é o nome de uma antiga cidade palestina. Diz respeito à tribo que emigrou; uma das 12 tribos israelitas. A tribo perd ida.