Algumas divagações sobre a particição de Categeró no Tates -Corongos
Uma breve descrição do Tates-Corongos
e das indagações que derivam daquela pesquisa inconclusa
Nossa informação está embasada no trabalho do Professor Doutor em História, Rogério de Oliveira Ribas, de sua Tese, para a Universidade Federal Fluminense – UFF (Brasil)/Universidade de Lisboa, através do CNPq, do anos de 2008, intitulado “Islão africano na diáspora: Tates-Corongos, insurreição e resistência negra no Brasil imperial”
Uma curiosidade, na estrutura do Tates-Corongo é a forma de grupos com cinco escravos, sou um liderança. E só essa liderança ou chefe se reporta a só um superior e assim por diante, fazendo desdobramentos. A estrutura Superior composta dos Tates-Corongo – o grande chefe e de seus cinco diretos, que totalizam seis integrantes. Desdobrando na segunda linha de insurgentes, teríamos 31; na terceira linha 731; e na possibilidade de uma quarta linha seriam 3.856 escravos insurgentes. Um sistema de pirâmide há 170 anos atrás, estava se estruturando e a figura do beato estava entre eles, parecendo ser a liderança espiritual do movimento.
Ficaram as perguntas:
- Qual era mesmo o sentido de utilização do beato Antônio de Categeró, na organização Tates-Corongos;
- O exercício gráfico/teórico da estratégia Tates-Corongos, matemático exponencial, conforme pode se avaliar no anexo “A”;
- O grupo que, aparentemente, aceitava três raízes devocionais distintas e, ainda hoje, parecendo inconciliáveis:
– Escravos negros somente vinculados às suas raízes tribais e aos ritos de seus Orixás (puros na tradição);
– Escravos negros islamizados que, sua linha de ação religiosa, trabalhava com aspectos de uma variável de incorporações, semelhantes, às das raízes tribais, mas de entidades islâmicas;
– Escravos negros que, convertidos ao catolicismo, trabalham com a sincretização religiosa, de santos católicos, também, com incorporações iguais aos negros puros e ao islã.
– Mas Santo Antônio de Categeró era o protetor do grupo e não teria sido nunca sincretizado. Como em outros discussões em pesquisa está citado como “o irmão, ou grande irmão, ou verdadeiro irmão…. da senzala”;
O que isto representa nesta prática complexa? - Em toda a história de vida do beato António de Categeró, nada consta, que ele tenha sido em qualquer momento um guerreiro. Totalmente, ao contrário. Recriminava é até com energia verbal aos que usassem expressões tidas como impróprias aos valores religiosos propostos aos católicos de sua época. Várias são as citações de seu autoflagelo, com uma pedra ao peito, usando como punição a expiar essas práticas de outros;
- Voltando a reforçar, na prática de sua devoção no Brasil, Categeró é o fenômeno, de não existir registros de ter sido sincretizado. Neste sentido, então, era diferente das demais imagens católicas, usadas pelos escravos para essa prática;
- Foi trazido pelos Jesuítas, antes de 1592, em São Paulo, (mais antigo servo de Deus que teve uma devoção no Brasil) na igreja de Santo Antônio, e que, só foi ser aceito, mas não, plenamente, adotado por sua ordem – os franciscanos em São Paulo, mais de um século depois;
- E, na origem da história da estruturação dessa devoção, fica suscitada, também, a questão da dualidade: Santo Antônio branco dos brancos; e, Santo Antônio Preto dos Pretos;
- Por isso, em minhas pesquisas cunhei a expressão de “o grande irmão da senzala”, pois sendo negro, tendo sido islã e também escravo não teria maior e melhor identidade possível.
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