Beato Santo Antônio de Categeró, mais meio século, existente na Matriz e Freguesia de NªSª do Ó

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, em São Paulo

A história, com base nas pessoas precursoras, da devoção nessa igreja

Como e quando chegou o beato santo; quem o trouxe e, porque o trouxeram, para o Ó; como da paróquia do Ó, foi para a ICAB paulista e, desta, para a ICAB carioca? Como retorna para São Paulo… E, como de SP, retoma sua expansão, ao resto do Brasil e, do Brasil, para o mundo.

 

Em maio do ano de 1961, a devoção ao “Beato Santo Antônio de Categeró”, teve seu início na paróquia da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação do Ó – bairro histórico da capital paulista. Porém na Capital de São Paulo, a devoção surge, entre os anos de 1585 a 1590, trazida pelos padres jesuítas. Neste ano de 2018, completou mais de 57 anos de Categró no Ó. E, é farta a documentação devocional, editada pela própria Matriz do Ó, saudando a data de 24 de maio de 1961, quando entronizou o Beato Santo. Não encontramos a motivação de ter sido escolhida, o dia 24-05 daquele ano – uma quarta-feira. Como, também, não tivemos acesso à Ata de entronização do Beato, que a isto poderia elucidar.

Dois esclarecimentos iniciais, são necessários à melhor compreensão desta abordagem. A primeira trata de chamá-lo por Beato, Santo, ou simplesmente, Categeró; e a segunda, quanto a definir quem foram os precursores do renascimento de Catageró, no Brasil e, para o mundo.

Ao referir-se a esse símbolo católico, que está representando o Antônio de Categeró”, como “Beato Santo” é expressão mais adequada de ser usada; sua beatificação consta nos hagiológios católicos, como ocorrida em 13 de abril de 1599. Mas, desde o primeiro momento que chegou ao Brasil (1585/1590) e, respectiva fundação de suas irmandades, que as teve, nos dois primeiros séculos do período colonial, foi sempre tratado e grafado como “Santo”. Assim expresso, nos documentos religiosos dessa época. Esse tipo de fato, também, está ratificado por decisão do Papa João Paulo II, sobre os diversos santos populares católicos. Entendemos que, ao trata-lo de Beato Santo”, seja a forma mais correta à sua verdadeira situação histórica. Mas, também, em nossos textos e, de muitas pessoas, que escrevem sobre o Beato Santo, ele é chamado, somente, de Categeró. Este é um vocábulo, que não tem outro significado, na linguagem portuguesa e brasileira, que não o seja, de se referir ao Beato Santo.

A outra questão, trata de homenagear as pessoas integrantes de um grupo de oito “precursores”, os quais em uma série de atos, aparentemente dispersos, ou sem uma forte intencionalidade de encadeamento, foram definidores do estabelecimento de Categeró, como evento devocional, de que, a partir destes oito precursores, estaremos relatando como a história do Beato no Ó. Destas oito pessoas, cinco delas são clérigos e três, parceiros católicos laicos. Todos atuaram de forma sistemática em prol do objetivo, ao longo de quase duas décadas. Esses oito cristãos são dignos, de todo o tributo de respeito e gratidão, por terem conseguido a entronização do Beato Antônio de Categeró na Matriz do Ó. Hoje, quatro destes clérigos já são falecidos e, todos os três parceiros católicos laicos do processo, também. O único que está vivo e remanescente, atua na igreja Matriz. E, seguidamente, como diácono oficia as missas dos dias 18 de cada mês, em honra da padroeira Nossa Senhora do Ó e, do Beato Santo Antônio de Categeró, com até, três missas ao dia.

Vamos relatar as ações desses precursores de Categeró, na igreja de Nossa Senhora do Ó, na sequência mais ou menos cronológica de seus atos, em prol da devoção. O desenvolvimento devocional deles se concentra, nos decênios 1970/1980. Não faz parte direta da história, aqui relatada, as questões sociais, culturais, artísticas, literárias, que lhes sejam intrínsecas. Faremos o acompanhamento linear da história, nos fatos onde os precursores que atuaram, mantendo foco no estabelecimento da devoção, no seu desdobramento direto em outras igrejas, no Brasil e na Itália.

Dom Paulo Relim Loureiro, foi o primeiro dos oito precursores e, o de maior hierarquia. Foi o idealizador e autor intelectual do material devocional, sobre o Beato Antônio de Categeró, uma oração, uma novena e alguns dados biográficos, do que vamos tratar. Com sua autoridade eclesiástica promoveu a implantação da devoção. Destaque-se que todo esse mesmo material, no ano de 1958, também, havia sido patrocinado à capela da Venerável Ordem Terceira de São Francisco – VOT/SF-SP. Ocasião em que, esse prelado estava iniciando seu período nas funções de Bispo Auxiliar e Vigário Geral da Cidade de São Paulo. Não se tem informações da repercussão que o evento de 11 de novembro de 1958, conseguiu na capela dos franciscanos. Três anos após, em 1961, quando Dom Relim estava encerrando, a mesma função de Vigário Geral e Bispo Auxiliar de São Paulo, ele repete a operação, agora, na igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. A única diferença entre os materiais produzidos, para, as duas igrejas, está na estampa do Beato Santo Antônio de Categeró que foi usada. Nos franciscanos a estampa usada é a da imagem do Beato, estátua existente naquela Capela. Na igreja do Ó foi usado uma estampa única e, provavelmente, produzida para a situação. Estampa muito típica dos Categerós únicos, das igrejas do ciclo do ouro, em cidades de Minas Gerais, um tanto dark.  O evento na igreja Matriz do Ó ocorre em 24 de maio desse ano de 1961 e, com bastante sucesso. Em ambos casos, Dom Relim assinou e autorizou a impressão, tanto da oração, quanto da novena, dedicadas ao Beato Santo Antônio de Categeró, incluindo em todos esses documentos, os créditos canônicos, com seu nome. Dom Paulo Relim Loureiro passa a ser o primeiro, integrante do grupo de oito precursores, de Categeró na igreja do Ó.

No evento de 1961, foi chamado para executivo dos atos, na sede da paróquia da igreja Matriz do Ó, o padre José Colaço, que atuava como celebrador de missas, já há algum tempo, na pequenina capela de Bom Jesus dos Passos. E assim, coube ao Pe. José Colaço, em razão dos laços de relações fraternas, com o vigário geral da época, Dom Paulo Relim Loureiro, em interagir, coletar e buscar, na igreja de São Francisco, junto à capela da Venerável Ordem Terceira da Penitência, os dados fundamentais ao desenvolvimento devocional do Beato Santo Antônio de Categeró. Pe. Colaço assumiu de vigário da Freguesia do Ó e coordenou o evento de entronização do Beato Santo Antônio de Categeró, na comunidade.

Em 24-05-1961, o ato religioso na Matriz do Ó, à entronização do Beato Santo Antônio de Categeró, na Matriz do Ó, contou com novenas e santinhos, impressos para essa ocasião, devidamente datados e, distribuídos na festividade e comunidade. O padre José Colaço era, então, o Vigário na Freguesia do Ó e, passa a ser o segundo integrante – clérigo, do grupo dos oito precursores de Categeró, na igreja do Ó. O encerramento de seu período, como pároco da Matriz do Ó e, de divulgador do Beato de Categeró, ocorre em 1966.

O Cônego Noé Rodrigues, chega 18 de setembro, do ano de 1966, à paróquia do Ó e, vai ser o próximo integrante da honraria de condução da devoção de Categeró. Segundo nos informou o Diácono Benedito Camargo, o Cônego foi buscado pelo Pe. José Colaço para substituí-lo na função de Vigário do Ó. E, ainda segundo o Diácono, o Cônego Noé atuou magistralmente, na tarefa que lhe foi incumbida. A devoção foi muito bem recebida e inúmeras excursões de romaria do interior paulista ao Ó, visitavam a igreja, principalmente, aos fins de semana. O auge de seu trabalho foi tornar-se o primeiro guardião brasileiro, da relíquia (ossos de seu antebraço direito) do Beato santo. Ele foi o recebedor, dessa relíquia trazida da Itália, pelo Monsenhor italiano, Salvatore Guastella, como doação da Diocese de Noto, pela Igreja de Santa Maria de Jesus de Noto/Itália, à Diocese de São Paulo, para a Igreja Matriz de Nª Sª do Ó. A chegada na Matriz ocorreu, às 18 hs, do dia 30 de julho de 1978. E, lá se encontram depositados, eu um altar lateral. A relíquia é disponível à devoção de fieis, todos os dias 18 de cada mês. Data em que ocorre uma missa conjunta com a padroeira da igreja; é uma missa que disponibiliza uma benção especial, com ósculo na relíquia. A Matriz do Ó é a única no mundo, a possuir uma relíquia de Beato Santo Antônio de Categeró.

Agora, vamos falar do italiano Monsenhor Salvatore Guastella, que durante sua estada no Brasil, recolheu material sobre o Beato Antônio do Categeró, para instruir o livro que produziu sobre a vida, morte e milagres do beato. Sob o título de “Santo Antônio de Categeró – Sinal profético de empenho pelos pobres”, o livro impresso pela editora Paulus, em 1986 em 1ª edição (94 pág.), tendo as reimpressões, denominadas de edição, como seguem: 2ª em 1994; 3ª em 1998; 4ª em 2002; e 5ª em 2005. Também, publicou na Itália, duas obras, patrocinadas pela Cáritas Diocesana de Noto. A primeira “Fratello Negro – Antonio di Noto detto l’etiope” (136 pág.); no ano de 1991, uma tradução para o italiano, dessa obra que ele fez no Brasil, com pequenos acréscimos; a segunda obra, na Itália, foi “Lui e noi per loro” (240 pág.), no ano de 2000, onde faz a compilação da maioria dos os textos existentes e publicados, sobre o Beato, já ressaltando nessa obra, a condição de Beatificado em 13-04-1599. Mas, ainda o denominando como Santo, na regra canônica dos Santos Populares regulada pelo João Paulo II, em 2002. Este Papa fez uma apreciação, sobre a obra e, que consta, da capa do livro “Lui e Nor, per Loro”, com um pensamento sobre o beato de Categeró.

Assim, o terceiro e quarto precursores do Beato Antônio de Categeró, na igreja de Nossa Senhora do Ó, devem ser citados juntos e, com mais alguém, que os aproximou e, até agora não está citado. Sem que se estabeleça quem é o terceiro, o quarto ou o quinto, são eles: Monsenhor Salvatore Guastella, Cônego Noé Rodrigues e o médico Marco Finocchio; católico, natural de Messina e residente em São Paulo, contatou telefonicamente, com o Monsenhor Salvatore, em 1971, sobre Categeró. Quando Guastella é contatado pela família de Dr. Marco Finocchio, de passagem por Roma, em 1977 e, sabe de seu falecimento, impulsiona a procura dos restos mortais do Beato, talvez, com o pesar de o amigo não ter tido tempo de participar. O Dr. Marco Finocchio não poderia deixar de figurar na relação dos precursores de Categeró no Ó e, assim, juntamente, com seus amigos, Cônego Noé Rodrigues e Monsenhor Salvatore Guastella, os 3º, 4º e 5º destacados. Estes três são falecidos; dois clérigos e um parceiro católico laico, sendo estes três, também, integrantes do grupo de oito precursores, de Categeró na igreja do Ó.

         No entanto, algo que deve ser trazido para dentro da história da devoção, que se encontra brevemente citado, anteriormente. Falamos do fato dessa mesma devoção, ter sido também, aplicada por seu idealizador Dom Paulo Relim Loureiro, Bispo Auxiliar e Vigário Geral de São Paulo, três anos antes (11-11-1958), na igreja da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Paulo. Com a mesma oração e novena, criadas por ele (Dom Paulo), as quais, igualmente, reproduziram santinhos e novena, todo material por ele assinados e lançados na data de 11 de novembro do ano de 1958, na igreja dos franciscanos paulistas. Assim, voltamos ao Ó, para melhor completar os dados da história devocional.

Até o ano de 1966 a devoção ao beato santo estava muito ativa, com comitivas de visitação do interior paulista e, até de Minas Gerais, através de excursões. Muito demanda e com concorridas missas, de hora em hora A administração da devoção de Categeró, na Matriz do Ó pelo Cônego Noé Rodrigues, é muito demandada e reconhecida. Segundo o Diácono Benedito, o trabalho foi assumido magistralmente, pelo Cônego Noé Rodrigues. Parece até, que, inclusive com contatos, junto aos franciscanos, onde já existia uma imagem em tamanho natural do Beato. O Diácono Benedito Camargo, já está como assistente, do Cônego Noé, nesse ano de 1966.

E, é nesse ano de 1966, que um padre chamado Luigi Mascolo (Atualmente, bispo), leva para a Igreja Católica Apostólica Brasileira – ICAB, uma imagem de Categeró. Em pouco tempo, a devoção do Beato Santo Antônio de Categeró é levada pela ICAB paulista, para a ICAB carioca. Surgem algumas dúvidas, de que seja o trabalho dito: magistral, desenvolvido, pelo Cônego Noé Rodrigues, mas que não o seja junto aos franciscanos. Esse foi desenvolvido, exclusivamente, pelo Pe. José Colaço. Assim, se relativiza a importância de existir, nos franciscanos, uma imagem em tamanho natural do Beato. Agora, é fundamental, pois que o Cônego Noé prepara para o ano seguinte um grande evento. Evento que está definido para acontecer na data da padroeira, Nossa Senhora da Expectação do Ó, em 18 de dezembro de 1967. Talvez, um dos maiores eventos da história da paróquia do Ó, em toda sua existência.

Entre os preparativos, pelo Cônego Noé, projeta algo novo e de bastante utilidade aos trabalhos devocionais. Faltam dados, mas provavelmente, através do Bispo Relim Loureiro, ou através contato com o Pe. Colaço, ou do médico Marco Finocchio e, deste com o próprio Bispo Relim, é conseguido, então, um intelectual católico capaz de produzir um livro, narrando a história de vida e milagres do beato. O escolhido é um dos fundadores da Academia Paulista Cristã de Letras; é um escritor, advogado e constituinte federal de 1946. O escolhido para a tarefa é Manoel Victor de Azevedo, uma pessoa com todas as credenciais para escrever sobre a vida do Beato Categeró E, a missão vai ser cumprida à risca, como encargo durante os anos de 1966 e 1967.

Sob a chancela da Matriz de Nossa Senhora do Ó é produzido o livro “História do Bem-aventurado Antônio de Categeró”. Opúsculo com 48 páginas, incluindo fotos da igreja na contracapa e, de uma estampa do Beato Santo Antônio de Categeró ajoelhado, na capa, ambas em cores. Nas páginas de 43 a 46 está impressa a novena do Bispo Dom Relim, como um link bastante significativo do contato.

??? Não só o link de contato, para o conseguimento de um autor de livro, mas também, para a utilização de todo o material usado, no ano de 1961, ou seja, cinco anos antes, que é o mesmo de 1958 – 9 anos antes. E assim foi feito. São produzidos santinhos e novenas, que não podem ser considerados reimpressões, pois a estampa é diferente de 1961. Para o evento de 1967, na Igreja Matriz do Ó, surge um santinho do Beato Antônio de Categeró de corpo inteiro, cumprindo à risca, o que exige as normas hagiológicas dos cânones. Com um belo traço e policromia suave, alguém elaborou a nova estampa, bem diferente de tudo até, então, usual. Assim, também, como no ano de 1961 foram impressos santinhos e a novena, ambos textos, certificados pelo autor, o Bispo Relim. A única mudança significativa foi a mudança da estampa usada de Categeró para ilustrar o santinho e a novena. Os traços das estampas apresentam dois Categerós; ambos num idêntico ambiente bucólico, de iguais traços; um de joelhos, para capa do livro e, o outro, de frente e em pé, para ilustrar o santinho e novena do evento.

O autor das duas gravuras do Beato Antônio de Categeró, uma de joelhos para o livro e, uma em pé e de frente, é a mesma pessoa. Ele é filho do autor do livro “História do Bem-aventurado Antônio de Categeró”, Manoel Victor de Azevedo. ”, Manoel Victor de Azevedo Filho criou a estampa do Categeró que se tornou emblemática na devoção nacional ao beato, bem como a gravura do Beato de joelhos para a Capa do livro de seu pai sobre o Ó. é um artista plástico de renome nacional. Entre outros trabalhos o Manoel Filho é o criador da imagística, ainda hoje usada, por todo o Brasil, das personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. E, tanto livro, com estampa, fizeram impactos específicos e significativos a partir da festa de 1967.

O livro do Manoel Victor de Azevedo (o pai) pode ser encontrado como bibliografia dos livros produzidos pelo Monsenhor Salvatore Guastella. E, não o obteve quando da visita e entrega das relíquias em 1978. Ele recebeu por correspondência do Dr. Marco Finocchio (1971), bem antes desse contato da família de Finocchio (1977). Por isso sua pressa em localizar ou completar uma tarefa comprometida, logo em seguida tomar conhecimento do falecimento do amigo. O livro de Manoel Victor ocorreu 18 anos antes do elaborado por Guastella, este, que já era traquejado em biografias dos santos do Vale do Noto; sendo Manoel Victor seu debut em literatura religiosa, pois era oriundo da literatura do mundo jurídico. No livro, houve o direcionamento com consolidação de material do Frei espanhol Antônio Daça, primeiro bibliógrafo universal de Categeró, cujo texto foi a base para a compilação nos hagiológios católicos, em especial franciscanos.  

Quanto a estampa do santinho, no primeiro avanço mais forte das redes sociais na Internet caiu na simpatia popular, em sentido nacional. Cabe estranhar o porquê de abandono ou rejeição de seu uso, pela própria igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. Assim, com Manoel Victor de Azevedo e Manoel Victor de Azevedo Filho, encontramos nossos precursores 6º e 7º, integrantes, do grupo dos oito precursores de Categeró, na igreja do Ó.

Tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, a devoção migrada da igreja Matriz do Ó, em 1966, gerou templos dedicados ao beato santo. Em São Paulo, iniciando por uma gruta e hoje, a própria igreja de Santo Antônio de Categeró, na rua Tauandé nº 20, na capital paulista; no Rio de Janeiro, era na década de 80, uma singela capela de madeira, designada ao Beato Santo Antônio de Categeró, gerida pelo padre, Geraldo Avelino, então da igreja católica brasileira – ICAB, que com a força da devoção construiu uma bela igreja com o nome do beato, à rua Leopoldina Rêgo, 917, próximo à estação ferroviária da Penha. Por questões de desentendimentos com a diocese católica romana carioca – ICAR, a igreja de Santo Antônio de Categeró foi transferida para o catolicismo da igreja católica siriana – ICAS, que pressionados pela Diocese do Rio de Janeiro, foram encerradas as atividades da igreja, que deixou de existir com esse patronato. A próspera igreja construída pela devoção a Santo Antônio de Categeró, hoje ainda existe, mas está dedicada à Nossa Senhora desatadora de Nós e Santo expedito.

Um destaque deve ser registrado em relação a grande quantidade de imagens que o beato Santo Antônio de Categeró detinha no Rio de Janeiro. O padre Geraldo Avelino foi engenheiro da obra física da capelinha de madeira e da construção de uma bela igreja moderna, em concreto e mármores. Mas também, de muitas imagens grandes imitativas do barroco e, programas radiofônicos sobre o beato. À grande quantidade de imagens e relíquias de Categeró que ele possuía, deu dois destinos. Excetuando duas imagens uma de tamanho natural e outra de 1,3m, ambas construídas com o estilo barroco, estas que foram doadas para a Tia Eliza de Categeró – Maria Eliza de Luca, devota que era o seu braço direito na devoção. Ambas imagens vieram para São Paulo, 1995, para onde Tia Eliza, se mudara e tem uma capela particular, dedicada ao Beato, no bairro da Liberdade.

O restante do material Pe. Geraldo negociou com a igreja Ortodoxa Grega, paróquia Nossa Senhora da Anunciação da Mãe de Deus, na rua Ipojuca,54 (Transversal à Rua Aimoré), Penha, Rio de Janeiro, onde o pároco Dom Athanásio. Esse clérigo siriano, mantém atrás do altar, um amplo espaço com o acervo recebido, composto em forma Museu de Categeró. Um trabalho que deve ser prestigiado e apoiado, pois retrata parte do momento da devoção do beato no Rio de Janeiro.

Mas, todo esse desenvolvimento devocional, alavancado pró Beato Santo Antônio de Categeró na Matriz do “Ó”, vai produzir consequências, não só Rio de Janeiro”. A brasa soprada no “Ó” produz avivamento e impulsiona este santo – exemplo de modelar homem/cristão, a partir do eixo “SP/RJ”, para reacender todo um processo devocional no território brasileiro. Assim, onde estava adormecida a devoção, floresce demonstrando um catolicismo integrado e, vai chegar ao Sul de Brasil que não conhecia. E isso, só ocorreu, por conta dos maiores devotos que o beato poderia ter arrebanhando no Brasil e na Itália.

Estamos falando das oito pessoas, sendo destas, cinco clérigos e três parceiros católicos laicos. Todos cumpriram seus compromissos nas missões do avivamento da devoção. E, essa herança que recebemos tem alguém com condições de nos orientar, corrigir e complementar informações, pois vivenciou o final desses atos, como ator ativo. Ele é o Diácono Benedito Camargo, da igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. Este é o último ou, o 8º dos precursores de Categeró na igreja do Ó. A partir de agora, Diácono Benedito é o “Guardião” do relicário histórico do Beato Santo Antônio de Categeró no Brasil. 

Tratamos até aqui, da chegada do Beato Santo Antônio de Categeró na igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, trabalho esse que propiciou um grande avanço pelo Brasil e, até o retorno o retorno do avivamento, às cidades de Noto e Ávola, na Itália. Ainda faltam, sobre o belo trabalho de Dom Paulo Relim Loureiro, as motivações, conexões de interesses, tentados e rejeitados, principalmente, por que não houve espaço para a devoção do beato, em sua própria casa, nos terceiros franciscanos. Até de uma citação do Diácono Benedito, que o Pe. Colaço quando foi designado para o Ó, como resposta às ansiedades percebidas na comunidade, em razão de repressão às liberdades de expressão, daquele momento, ano de 1961. Acho que houve engano de datas.

Ao final é importante explicar como esse avivamento devocional, ocorrido no Brasil, ao Beato Santo Antônio de Categeró, a partir da igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, conseguiu fazer efeitos na Itália. Esse avivamento propiciou que o Beato fosse restaurado em sua origem italiana. Com as ações no Ó, seus restos mortais foram resgatados e, hoje, eles compõem um altar lateral, da igreja de Santa Maria de Jesus, da cidade de Noto, na Itália. Também, foi resgatado pela igreja de Santa Venera V.M., Matriz da cidade de Ávola, onde foi erguida em honra ao beato, uma imagem – estátua em tamanho natural. A obra apresenta uma expressão tipo de reconstituição do biótipo, do beato.

Sem demérito aos 80, 90 ou mais altares de Categeró, em igrejas católicas de Portugal e Brasil, foram os trabalhos da devoção na igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, que restauraram ao mundo, aquele escravo africano, raptado no início de sua adolescência (16 anos), em Barca/Cirenaica (atual Líbia) e, que viveu o resto de sua vida, entre duas cidades italianas (8 anos, em Ávola e 37 anos, em Noto), falecendo aos 60 anos (14Mar1550). A retomada universal desse santo negro, começa também a ter reflexos em Portugal, onde ele existe. em muitos altares de históricas igrejas. Tudo isso, é a marca, ainda, pouco perceptível do avivamento. Mas, influenciará também, nas pesquisas que buscam dados, de quando foi trazido pelos padres jesuítas, entre 1585 e 1590, para São Paulo. Falamos, não só do resgate, em ter sido o primeiro santo com irmandade devocional no Brasil. Mas, principalmente, do resgate de também, por ter sido um contrabando devocional, entre irmandades, de que disso, não ficaram satisfeitos os franciscanos, por isso este enfoque de resgate de dignidade em sua canonização, pelo empenho das VOTs do mundo. Coisas que aos poucos serão resolvidas, a partir dos mais de 90 altares que o Beato Santo Antônio de Categeró, compõe sua devoção, entre Brasil e Portugal e Itália.

Beato Santo Antônio de Categeró…. Rogai por nós.

N. S. J. Cristo permita o resgate à dignidade
deste dedicado e prestimoso irmão, da

Venerável Ordem Terceira Franciscana.
Africano consagrado na Itália. Foi o

 Primeiro santo negro, de todo

o continente americano.

 

VMP
Poa/RS – Jan2019

 

Obs.: Ainda, não explicados, tudo que envolve o avivamento devocional ocorrido no Brasil e Itália. Bem como, os aspectos da chegada do Beato Santo Antônio de Categeró, trazido pelos padres jesuítas, entre 1585 e 1590. Este é um trabalho em aberto que necessita da coleta de material comprobatório no arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo e de Salvador, bem como, de pesquisa em arquivos da Ordem jesuítica, em Roma e em Palermo.

http://www.nossasenhoradoo.com.br/catigero.html

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