Talvez a maior característica do beato Antônio de Categeró, no Brasil, esteja na diversidade imagística.
No tempo do Brasil colônia a distância impunha, à correspondência e às mercadorias, uma noção de tempo muito lento. Isso obrigava ao crescimento de devoções isoladas. Assim vamos encontrar imagens, algumas barrocas, acima de 30 imagens grandes do beato de Categeró, todas singulares. Duas em Salvador, na Bahia; duas ou três em Pernambuco; de cinco à até 15, ou até mais em Minas Gerais, algumas aguardando tombamento; no mínimo oito em São Paulo; 12 no Rio de Janeiro, incluindo-se as contemporâneas; uma em Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul. Nestes dois últimos Estados, imagens contemporâneas. Ressalte-se que a maioria dessas imagens não gera “santinhos” que lhes correspondam igual imagem na estampa. Já há, não plenamente consciente, uma preocupação com a padronização.
Por outro lado a internet acelerou o contato entre todos. Em 1986 o Ms. Salvatore Guastella, produziu o primeiro, de três livros sobre o beato de Categeró. Esse primeiro livro em português e os outros dois em italiano. O monsenhor já havia inventariado muitos outros santos e beatos italianos. Com sua prática ele buscou a imagem que poderia melhor representar e ser considerada padrão para Categeró. Ele usou essa mesma imagem na ilustração de todos os seu livros sobre o beato de Categeró.
Recentemente, através deste portal, recebi a cópia eletrônica da estampa de uma novena, do ano de 1961, da igreja de Nossa Senhora do Ó, de São Paulo, emitida pelo Bispo Auxiliar e Vigário Geral, daquela cidade, Dom Paulo Rollim Loureiro. No portal, já havíamos publicado o verso de um “santinho”, da mesma data e emitido pela mesma autoridade eclesiástica com a oração de introdução da novena. Não tenho dúvidas, após a novena, que o verso do respectivo santinho tinha a imagem do beato Antônio de Categeró, idêntica a da novena, porém colorida. (postagem http://www.categero.org.br/wp-content/uploads/2011/12/Santinho-Categero-Reconstitui%C3%A7%C3%A3o.pdf).
O mais espantoso sobre essa imagem é que dela não existe uma “estátua” que lhe corresponda. Normalmente, as imagens de beatos ou santos em estampas chamadas “santinhos” correspondem a uma imagem “estátua” existente em algum local de devoção: templo, santuário, gruta ou até capelinha. A imagem usada por Ms Salvatore que há 50 anos atrás estava em uso devocional na igreja de Nossa Senhora do Ó, em São Paulo, não sabemos de uma estátua que a corresponda. E essa é a imagem padrão pois corresponde ao beato em sua idade sexagenária quando houve o seu reconhecimento público de santidade, ao contrário de imagem semelhante em que o beato aparece com uma jovialidade exagerada, quase pueril.
Os próprios santeiros deverão buscar se adequar a uma unicidade imagística da devoção, que lhes será favorável, a longo prazo, pois amplia mais facilmente o crescimento devocional e o consumo de imagens. A diversidade e as dúvidas, muitas vezes consequentes dessa própria diversidade, entravam o crescimento devocional e o consumo. Pretendemos em seis meses dispormos de imagens neste formato (dito padrão) e distribuí-las em locais devocionais propiciando, em algumas situações substituições; em paralelo operar com os blogs no sentido de usarem cromos da imagem padrão que imediatamente começa a ser distribuída. As imagens antigas devem ser destinadas a museus sacros e colecionadores.
Esta imagem padrão encontra-se posta lado a lado com a imagem construída a partir do biotipo do beato pela cidade de Ávola na Itália, que construi=lhe uma estátua em tamanho natural. Apesar da extrema diferença, eles mantém a imagem representativa da devoção no Brasil, irmanada a deles.
Um esforço é necessário para que possamos trabalhar a unicidade devocional da imagística e facilitar a consagração do beato Antônio de Categeró em seu processo de Canonização.