Categeró: a primeira devoção a um santo, antes do ano 1592, por Irmandade com seu nome no Brasil

Praça_do_Patriarca,_Igreja_de_Santo_Antônio_2PeqA devoção ao beato Antônio de Categeró ocorreu, em São Paulo, por uma Confraria ou Irmandade, fundada no Brasil, em data anterior ao ano de 1592. Até, então, teriam existido três Confrarias, posteriormente, transformadas em Irmandades. São elas, pelos nomes mais conhecidos: 1ª – a Santa Casa de Misericórdia, 2ª – a Irmandade de São Miguel e Almas e a 3ª de NªSª do Rosário dos Homens Pretos. Assim, o então Venerável Antônio de Categeró, teve a primazia, do imenso valor histórico e fático, em ser o primeiro Servo de Deus, que foi instituído no Brasil, como Irmandade. Existiu, mas que teve sua devoção dizimada, nos efeitos deletérios da “Questão Pombalina” três séculos depois.
O Venerável Antônio de Categeró foi honrado por séculos no Brasil, sem que se lhe tenha, permitido o uso de seus direitos de beato, não conhecidos pelas autoridades eclesiásticas brasileiras, de sua época. Fato que lhe impingiu preconceito e impedimento de uma melhor solidez devocional. Mas, mesmo como Venerável, seu nome foi forte, ecoou, não só por todo o Brasil da época.  Por isso faremos uma lembrança histórica de sua devoção igual em Portugal.

  No final do século XVIII, o sacerdote sueco Carl Israel Ruders presenciou uma das mais  importantes procissões do calendário festivo de Lisboa. Na procissão de Santo Antônio de Lisboa, desfilavam pelas ruas “uma grande quantidade de imagens, algumas representando Santo Antônio e a Mãe de Deus com o Redentor nos braços”. Dentre as inúmeras imagens, a de um santo preto era um dos atrativos da procissão. “O andor deste santo preto, de lábios grossos, era levado por negros e acompanhado por padres da mesma cor, seguidos de uma multidão de pretos e mulatos” (Ruders, 1981: 52). É provável que o santo preto que desfilava na procissão do patrono de Lisboa fosse o particular Santo Antônio dos negros.

Assim, buscamos socorro na tese de de Maria Cristina Caponera, ao seu título de doutorado, na Faculdade de Arquitetura da USP, na cidade de São Paulo, em 2014, com o título “ Festas paulistanas em perspectiva histórica de longa duração: produção e apropriação social do espaço urbano, permanências e rupturas (1711-1935), de onde reproduzimos,  o início do  primeiro parágrafo,  na página 118, conforme abaixo:

“Quanto à data de criação, muitas irmandades e confrarias possuem duas (ou mais) datas divergentes.  Considerando-se que, em muitos casos, primeiramente a irmandade era criada e começava a funcionar para depois ter seu estatuto aprovado e registrado, pode ser que seja essa a razão da divergência (SILVA, 2009).
Nesse caso, supõe-se que  primeira, seja da data de real constituição da irmandade/confraria e, a segunda, a de seu registro ou mesmo da aprovação de seus estatutos.

Dentre as mais antigas   destacam-se: Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo (desde 1560 como Confraria de Misericórdia de São Paulo dos Campos de Piratininga e desde 1860 como Irmandade). Irmandade de N. Sra. do Rosário dos Homens Pretos (desde 1590 como Confraria de N. Sra. do Rosário e desde 1711 como irmandade) 57, Irmandade  do Milagroso Santo Antônio [de Categeró] (antes de 1592 como Confraria de Santo Antônio),  Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte de Carmo (1594)… continua as Confrarias e Irmandades por ordem cronológica.”

Isto implica em três assertivas históricas válidas, que devem ser consideradas, em todos atos de pesquisa, à devoção do Beato Antônio de Categeró no Brasil.

1º –  A devoção ao Beato Antônio de Categeró, a mais antiga devoção a um santo católico, no Brasil, existe há mais de 424 anos;

2º –  Santo Antônio de Categeró foi beatificado no dia 13 de abril de 1599, portanto há 417 anos. Portanto, quando foi beatificado, sua devoção já constituía,  uma irmandade estruturada na cidade de São Paulo, de então (São Vicente), fazia sete (7) anos ;

3º – Quando de sua beatificação, pelas dificuldades de comunicação daquela  época, não  chegou a informação ao Brasil. Em consequência disso,  a Irmandade de Santo Antônio de Categeró, criada na cidade de Salvador/BA, no ano de 1699, teve seu pleito, de designar, a igreja que começavam a construir, tendo como padroeiro e consequente, nome de Igreja de Santo Antônio de Categeró, negado pela Diocese de Salvador. E essa é a famosa igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do Pelourinho.

Este texto passa uma pequena mostra, das questões sobre esse tema, que devem ser pesquisados. Podemos linkar, ainda, para maior esclarecimento, o que consta do Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 335, p. 8, p. 2, s.d do órgão de tombamento, competente de prédios históricos de São Paulo, sobre a igreja Santo Antônio, a mais antiga daquela cidade, onde consta:

As referências encontradas sobre a antiga ermida e a Igreja de Santo Antônio foram transcritas, em sua maioria, de testamentos dos séculos 16 e 17.

As informações tornaram-se mais precisas, a partir de 1639, quando os franciscanos vieram para o sul do país e instalaram-se na Igreja de Santo Antônio, incumbindo-se das tarefas da ermida, mesmo após a construção do convento da ordem, no Largo de São Francisco, continuaram a zelar por ela.

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Onde tudo começou, a partir dos Jesuítas, para o Beato Antônio de Categeró no Brasil.

No século XVIII, sob a responsabilidade da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, a Igreja de Santo Antônio foi reconstruída e, em 1899, por determinação da prefeitura municipal, a torre foi demolida e a fachada reconstruída, às expensas da baronesa de Tatuí e da condessa Prates. São de grande beleza os retábulos dos altares, em madeira talhada, reconstituídos em parte depois de atingidos por um incêndio na década de 1980.

Por Dornicke – Obra do próprio, GFDL, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5039814

Foto da igreja de Santo Antônio, a mais antiga igreja de São Paulo, onde Santo Antônio de Categeró iniciou seu caminho pelo Brasil, como o primeiro Servo Deus a ter representatividade santoral, com uma irmandade registrada.

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