A devoção à Santíssima Virgem em Categeró
Esta capa de livro de 1967, associada à constante recomendação de Categeró, para a adoração à Virgem Santíssima, pode ter dado indicativo para que criassem santinhos, nas décadas de 70/80, no RJ, do beato em adoração à virgem Maria.
Sempre me intrigou, de onde haviam buscado uma informação que vinculasse, o Beato Antônio de Categeró – (Tio António), ao culto à Virgem Maria. Parecia transparecer da existência de uma pintura, que faz essa alusão, pela simbologia da estampa. E a partir daí surge uma série de santinhos fazendo essa conexão. E, nunca tendo encontrado nada que corroborasse aquela situação de imagística, era algo que me intranquilizava.
Pois bem, as informações do beato, do volume com 38 depoimentos, no processo de beatificação, único restante de três que foram produzidos pelo inquisidor, das graças consideradas à beatificação (sendo que 52 depoimentos em dois volumes), foram registrados e desapareceram, sendo todas produzidas pelo Padre da Companhia de Jesus Nicolau Faranda.
Frei Antônio Daça, franciscano espanhol foi o relator destes dados. E consta no relatório de Daça existente, na Crônica Geral de São Francisco, Parte IV – Livro III – Capítulo XXXVI, onde vamos encontrar um parágrafo, retirado do processo de beatificação, que elucida essa questão. E essa informação que estamos transcrevendo em destaque, abaixo, chegou ao Brasil, por Manoel Vitor de Azevedo, advogado, fundador da Academia Paulista Cristã de Letras, ex-deputado constituinte de 1946, que pesquisou o beato, em uma viagem que fez a Itália.
Trouxe parte do material do Frei Antônio Daça que encontrou na Biblioteca de Palermo. E é desse material que fazemos a transcrição traduzida por ele:
“Muito o aborrecia a ociosidade e para dela fugir, quando não orava, ocupava-se com trabalhos manuais fazendo objetos de palma, coroas e rosários de Nossa Senhora. E os dava aos pobres, recomendando-lhes a devoção à Santíssima Virgem. ”
A criação das estampas de santinhos com a Virgem Maria, traduz a lógica de que se Categeró recomendava, é porque era uma de suas práticas.
Página 15, penúltimo parágrafo do livro “história do Bem aventurado Antônio de Catgeró, sua vida, sua devoção, orações, documentário da Freguezia do Ó. São Paulo – 1967, produção do autor, em coedição com a igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó.
Outra vinculação dessa avaliação está em que uma das pinturas é a capa do livro de Manoel Victor, que teve por capista seu filho, Manoel Victor do Azevedo Filho. Este, um artista plástico de nomeada nacional, naquela época em início de carreira. De sua obra existe toda a elaboração da imagística do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, para os programas televisivos, usada até hoje.
Em outra postagens vamos analisar as datas de ocorrências de santinhos e estandartes decorrentes dessa pintura.
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