A visita do Portal à Irmandade do Rosário/SP, em março de 2014, ocorreu por três idas à igreja. Na primeira, era uma tarde chuvosa, Não houve nem contato com a administração. Na segunda fomos informado de que a administração da igreja, não possuía os dados buscados e que, o pessoal da Irmandade, poderia resolver. Foi dada a data da missa e reunião de calendário, com o pessoal da Irmandade, em 08 março 2014. A secretária, que atua sob às ordens e orientação de um Interventor (que me pareceu não comparecer à igreja), foi prestativa, mas só sabia os nomes de pessoas da Irmandade e a próxima data em que se reuniriam na igreja.
No referido dia, nossa terceira ida à igreja, estava ocorrendo uma missa festiva. As pessoas tinham de se paramentar, os organizadores, de providenciarem os preparativos na atuação das pessoas e na composição do cortejo (mesmo que interno na igreja). Assim, contatos só seriam possíveis, após a missa, quando haveria um pequeno convescote, comum nessas ocasiões.
E assim, foi feito. O primeiro momento foi difícil estabelecer uma conexão, pois a gentil irmã, que iria responder, às minhas indagações, não aceitava ser chamada de coordenadora ou de qualquer termo que inferisse responsabilidade sobre a Irmandade. Era a pessoa mais qualificada a falar coisas da irmandade, mas esse tipo de depoimento ficava um pouco difícil. Dava a entender que a Irmandade é um ente coletivo, administrado coletivamente. Explicou por cima, a questão da intervenção, que já dura anos, e do precioso espaço público, que ocupam, hoje consagrado mas, que no passado era um objeto de cobiça.
Afinal, passou algumas informações e encaminhou ao Capelão que oficiou a missa. Fomos autorizados a fazer fotos e conversamos, informalmente, com alguns irmãos e irmãos da confraria, onde a grande descoberta foi saber que o Beato Antônio de Categeró, o mais antigo Santo Negro do Brasil (1592 – com irmandade em São Paulo) era, quase um estranho. A Irmandade, depois de algum tempo de sua fundação, incorporou São Benedito, em igualdade de status, à devoção de Nª Sª do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo. Mas, o livro e as conversas, são nosso preparativo para o próximo encontro.
Então, não só o Beato Antônio de Categeró (fransciscano/jesuíta), mas também, Santo Elesbão e Santa Efigênia (os santos carmelitas), todos se tornaram apenas ícones, em tamanho natural, de ornamentação a nave principal da igreja. Em nossa visão, por alguma questão fática da história, a devoção da Irmandade de Nª Sª do Rosário dos Homens Pretos, de São Paulo, necessitou se descolar da raiz histórica do catolicismo fundacional paulista, que diz direto a Nª Sª do Rosário e a o Beato Antônio de Categeró de 1590 e 1592.
Talvez, por tudo isso, somente quase três anos, após a visita do Portal de Cateteró à Igreja e Irmandade de Nª Sª do Rosário dos Homens Pretos, de São Paulo, estejamos fazendo as primeiras manifestações e ilações de nossa compreensão sobre fatos importantes, tanto à essa devoção do Rosário, quanto aos santos negros do Brasil colônia, cuja chegada, com as respectivas ordens, que os implantaram em São Paulo, datam de:
1590 – Nª Sª do Rosário dos Homens Pretos – pelos jesuítas;
1592 – Milagroso Santo Antônio de Cartagerona (Categeró) – – franciscano da Ordem 3ª – pelos jesuítas;
1596 – Santa Efigênia e Santo Elesbão – pelos carmelitas;
1639 – São Benedito – franciscano da Ordem 1ª – pelos franciscanos (quase meio século após Categeró).
Todas as imagens postadas e referidas, acima, ao lado e abaixo, estão expostas em tamanho natural, nos corretores laterais da nave principal da igreja de Nossa Senhora do Rosário, dos Homens Pretos, da cidade de São Paulo, em mesma dimensão. Isto denota que em seu início, a Devoção de Nossa Senhora do Rosário, cumpria sua finalidade, encontrada em outros locais do Brasil colonial, de funcionar como um “guarda chuva” das devoções de santos negros, na preferência das etnias tribais dos negros escravos no Brasil, a cada localidade.
